sexta-feira, 29 de abril de 2011

História da Banda

INTRODUÇÃO



            A história de uma banda de Rock And Roll dificilmente começa com o surgimento do grupo propriamente dito, mas sim, alguns anos antes, com a história individual de cada um de seus integrantes.
            Com a nossa banda a coisa não foi diferente: sua história, para ser compreendida integralmente, para se entender o porque de tanta luta e perseverança, deve ser observada alguns anos antes de seu surgimento, com a história de seus integrantes originais.
            Neste material iremos discutir alguns pontos sobre nossas histórias individuais, o que acabaria por culminar na formação de nossa banda de Rock And Roll, e pela trajetória de nosso grupo ao longo dos duros anos que nos esperavam !
            Notarão que, em alguns momentos, a história será contada na primeira pessoa, pois, como sou o único integrante da banda que passou por todas as fases, terei mais condições de elucidar alguns pontos importantes.
            Espero que esta seja uma boa leitura, e que você tenha o mesmo tesão de lê-la quanto eu tive de escrevê-la !



Walt Cooper



CAPÍTULO 1

AS SEMENTES



            Desde os tempos de cursinho, quando encontrei o Carlinhos (com o qual estudei durante o primário e só o voltei a “encontrar” quando fomos fazer cursinho no Objetivo da Paulista) que a possibilidade de, juntos, montarmos uma banda de Rock And Roll se mostrava possível. Nos intervalos entre as aulas, no ônibus - orávamos muito próximos e não nos lembrávamos! - , sempre conversávamos sobre o mesmo assunto: Rock And Roll. Discutíamos sobre nossos grupos preferidos, sobre os shows que havíamos assistido, etc. Foi desse tempo, que remontava o doce ano de 1975 (auge do Rock no Brasil e no mundo, época em que despontaram as maiores e inesquecíveis, bandas de nossas vidas, tanto no cenário Internacional como no Nacional), que surgiu a idéia de formarmos a “nossa própria banda”.
            Porém, ao passar a época do cursinho, quando ingressamos na Faculdade – eu indo fazer Medicina em Botucatu e o Carlinhos Propaganda e Marketing aqui em São Paulo, por problemas desses estudos, falta de tempo devido a eles e os desencontros nos fins de semana, naturais diante do distanciamento físico a que nos encontrávamos, a idéia da banda ficou um pouco abandonada, pois tanto eu como ele – de forma incrível para quem pretende formar uma banda de Rock – não sabíamos tocar nenhum instrumento! O tempo, obviamente, seria nosso algoz para alcançarmos tal intento.
            Quando eu estava no 3º ano da Faculdade, fui morar com um colega meu numa República, o Marcão, que sabia tocar violão de forma precária e que curtia, tal como eu, Rock.
            Da mesma forma com que eu discutia Rock com o Carlinhos, a história com o Marcão foi idêntica: ficávamos nos tempos livres discutindo sobre Rock. Eu sempre levava fitas sobre novos conjuntos e materiais sobre o assunto para lermos e discutirmos (no Rock, assim como na história de muitos povos e civilizações da humanidade, suas histórias são passadas, na maior parte das vezes, pelo sistema de “boca-a-boca”, pelos seus “adoradores”).
            Certa noite, quando ele estava tocando uma música dos Stones no violão, eu propus que formássemos uma banda, no que ele topou de imediato.
            No dia seguinte fomos procurar alguém, em Botucatu, que desse aulas de violão. E encontramos um “crioulo” que sabia tocar de tudo, o cara era realmente muito bom. Nos matriculamos de imediato!
            Foi lá em Botucatu, portanto, que aprendi a dar os meus primeiros acordes no violão.
            Ficamos estudando com o cara por, aproximadamente, um mês, pois ele não saía dos mesmos acordes, os quais nos passava através de cifras, e só nos dava músicas de MPB para tocar, o que nos deixava profundamente irritados e com extrema má vontade de executá-las quando éramos cobrados à isto, pois queríamos aprender Rock e não outro estilo musical.
            Conclusão: resolvi estudar sozinho. Em menos de 2 meses eu já tocava razoavelmente bem, evidentemente que por cifras. Foi aproximadamente nesse tempo que eu fiz a minha primeira música, que se chamou “Stress”; primeiro nome da banda também. Esse nome foi sugerido por mim. Esse nome surgiu da idéia de que ele traduziria bem quais reações queríamos provocar nas pessoas quando nos ouvissem, além de se identificar muito com o Rock.
            Essa música foi muito importante, pois após ela vieram muitas outras em pouco tempo, podendo-se dizer que, até o final daquele ano, eu já teria composto por volta de 15 músicas. As letras eram compostas exclusivamente por mim, enquanto que, na maior parte delas, a melodia era composta em conjunto com o Marcão que tinha mais noção de harmonia e melodia do que eu - eu “cantava” a música e ele cifrava a música -.
            O primeiro passo para a formação de um “conjunto” fora tomado: tínhamos alguma noção do “instrumento” e algumas músicas. O segundo passo não demorou muito e começamos a chamar outras pessoas para completarmos a banda. À princípio, apesar de que eu estava aprendendo e tocando violão, eu ficaria com o contra-baixo e o Marcão com a guitarra. Passamos a viver várias experiências com alguns integrantes, algumas boas e muitas ruins, pois não conseguíamos ficar mais de 1 mês com a mesma formação e o saldo acabou ficando negativo.
            Após esse período eu voltaria a me fixar na guitarra, quando então eu comprei uma Guitarra Giannini Super Sonic na cor vinho (muito parecida com a Fender Modelo Stratocaster, com alavanca de trêmolo e tudo!), nos anos de 1981. A partir de então, passei a estudar aqui em São Paulo, com um Chileno aos sábados de manhã. Fiquei estudando com ele por, aproximadamente, 1 ano, tendo aprendido muitas coisas boas que me ajudariam muito no meu desenvolvimento musical.
            No ano de 1982, quando eu vi que as coisas para mim em Botucatu não dariam bons frutos, e já com alguma experiência de “conjunto”, resolvi aproveitar essa “bagagem” para montar uma banda com uns caras daqui de Sampa. Foi quando eu e o Carlinhos resolvemos que, após eu concluir o Curso de Medicina em 1983, nós entraríamos firmes na batalha para, juntos, realizarmos o nosso sonho de termos uma banda nossa !
            E assim foi ...




CAPÍTULO 2

O SURGIMENTO DA BANDA



            Em 1983 pintaram uns feriados logo no começo do ano (em excelente hora, pois eu estava no último ano da faculdade, e o quinto ano fora extremamente cansativo, quando não tivemos férias no meio do ano e tivemos que alternar estágios em várias cidades e plantões semanais), fazendo com que eu me dedicasse um bom tempo para poder passar essas férias na praia junto com os amigos.
            Esse feriado, juntamente com o Carlinhos, fomos passar na Praia Grande, na casa da irmã do Carlinhos.
            Num Sábado à noite haveria um show do Zona Franca em Mongaguá, o qual descobrimos graças aos abençoados “lambe-lambe” (folhetos colados nos postes de luz, de ônibus, portas de bar, etc. que eram, naquela época, o maior veículo de comunicação e divulgação de shows de Rock aqui em São Paulo, e que realmente funcionava, pois o roqueiro que o visse se encarregava de espalhar para toda a turma o ocorrido, e todos se encontravam no show – uma festa!).
            Fomos ao show, o qual foi aberto por uma banda por nós desconhecida (fato raro que aconteceu conosco, pois estávamos absolutamente por dentro do que ocorria no underground do Rock Nacional e conhecíamos todas as bandas que haviam, pelo menos é o que pensávamos até este show!): esta banda se chamava, nada mais nada menos do que “Stress”. Ficamos um tanto quanto aborrecidos, e por que não dizer, putos da vida com isto. Teríamos que mudar o nome da banda, o que não nos agradava, pois esse nome já tinha história para nós, pequena é verdade mas importante pois foi a centelha.
            Resolvemos, então, que o novo nome seria “Pulsar”. Este nome foi sugerido pois seu significado é bastante interessante: é uma fonte de rádio estelar, com origem conhecida, e que se irradia para o infinito. Exatamente aquilo que entendemos por “Rock And Roll”, ou seja, tudo a ver com a nossa banda.
            Na volta desse show, após estacionarmos o carro em frente à casa da irmã do Carlinhos, chegou um carinha perto de nós e começou a puxar papo, pois ele já havia visto, no vidro traseiro de meu carro, um adesivo com uma foto do Black Sabbath. Começamos a conversar sobre Rock e também sobre nossa pretensão de formar uma banda. O cara também estava com as mesas intenções e combinamos um encontro em São Paulo (o cara morava na Vila Guilherme), para iniciarmos o trabalho visando a formação da banda. Esse cara era o Claudio, que se firmou como nosso primeiro vocalista e futuro baterista da banda, em nossa segunda formação.
            No Sábado seguinte eu fui, junto com o Carlinhos, na casa do Cláudio, levando o meu violão e as minhas músicas. Fizemos uma pequena “jam-session” onde apresentei as músicas. Houve boa aceitação por parte de todos e acertamos que a formação da banda seria com o Claudio nos vocais, o Carlinhos no contrabaixo e eu na guitarra.
            Faltava apenas o baterista para podermos dar início aos nossos trabalhos.
            Durante a semana seguinte o Claudio ficou sabendo de um cara que já havia tocado bateria e que talvez se interessasse em tocar conosco, e marcou com ele para termos um encontro no Sábado seguinte a fim de acertarmos os detalhes. No dia marcado o cara estava lá; era o Edu, que passou a ser o quarto elemento a integrar o nosso grupo. A formação da banda, em sua primeira formação, acabou sendo a seguinte:

                        - Carlinhos                    - Contrabaixo
                        - Claudio                       - Vocais
                        - Edu                            - Bateria e Percussão
                        - Walter                        - Guitarra e Vocais




CAPÍTULO 3

OS PRIMEIROS ACORDES



            A banda começou os ensaios, propriamente ditos, após, aproximadamente, 1 mês desse encontro; em agosto de 1983, que foi quando o Edu comprou a sua bateria – uma peça de rara beleza e praticidade: era composta por 1 bumbo, 1 surdo, 1 caixa, e 1 tom-tom! Após algum tempo, ele acrescentou 1 prato de ataque e 1 chimbau, aumentando a “classe” da mesma. Esse mês é considerado, por nós, como a data de fundação da banda por esse motivo.
            O resto do equipamento acompanhava a “classe e categoria” da bateria:
-          1 guitarra Giannini Super Sonic, amplificada em uma vitrola velha de potência, no mínimo, duvidosa, juntamente com um microfone Le Son nacional de qualidade não menos duvidosa;
-          contrabaixo, de marca desconhecida, “envenenado” num Amplificador Delta de 30W, daqueles que se usam em Kombis para vender pamonha, que era do Carlinhos.
Posteriormente compramos um Amplificador Mikassin de 50 W (de uma esplendorosa fidelidade sonora comparável apenas aos velhos Marshal valvulados) no qual a guitarra passou a ser “amplificada”, liberando a velha vitrola para “envenenar” apenas o microfone.
            Quando não podíamos contar com o contrabaixo para os ensaios, colocávamos um encordoamento pesado na guitarra e a usávamos como contrabaixo e o violão, no qual eu havia colocado um captador eletro-magnético, fazia as vezes da guitarra. Bons tempos! Maus tempos!
            As dificuldades nos ensaios eram progressivas e desanimadoras, pois esses “maravilhosos” equipamentos eram muito frágeis, não podíamos usar toda a sua potência pois aqueciam demais e, como consequência, “torravam literalmente”. O uso de sua potência total era de extrema necessidade, não porque queríamos “aborrecer” a vizinhança, mas porque tínhamos um baterista, no pleno conceito do termo, “animal”; ele simplesmente “esmurrava” a bateria, fazendo com que ela soasse o mais alto possível (um dia o Edu me disse que, quando era bebê, sonhava todas as noites que uma bateria o perseguia e roubava sua mamadeira com café e rum: daí o seu ódio delas e procurava se vingar durante os ensaios!). Não é preciso dizer que cansamos de pedir ao ilustre baterista que maneirasse o seu ímpeto, porém, após sucessivas tentativas cansamos e passamos a aceitar o nosso ruidoso destino. Cabe aqui salientar que, por várias vezes, procuramos aonde se encontrava o “potenciômetro” desse membro da banda, e nada encontramos. Nessa época os ensaios eram feitos na casa do Claudio, num quarto “azulejado”, o que aumentava consideravelmente a reflexão dos sons agudos como os da bateria; eram verdadeiras “estilingadas” em nossos ouvidos!
            A partir dessa nossa triste realidade, passamos a fazer várias economias para podermos comprar um equipamento de melhor qualidade. Acabamos comprando uma boa quantidade de equipamentos de menor qualidade, que juntos, acabou nos possibilitando a fazer alguns “rolos” e conseguirmos equipamentos mais “decentes” minimizando este “pequeno” problema.
            Um dos fatos mais curiosos e engraçados neste começo da banda, era que, em decorrência dessa “ensurdecedora performance”, várias tentativas foram feitas para diminuir o som provocado pelas baquetas do Edu, dentre elas colocávamos “panos dobrados” por sobre a pele da bateria, o que acabava por “atenuar” um pouco o som. No início, tudo corria muito bem, porém, no decorrer do ensaio, o Edu acabava colocando a baqueta por entre o pano e a pele e acabava “arrancando” esses panos, fazendo com que a bateria voltasse a ter o seu “som natural” e não menos ensurdecedor! O término dos ensaios se dava com todos nós ouvindo um “estranho zumbido”. A agressividade do Edu era tamanha, que ele chegava a “quebrar” 2 ou 3 baquetas durante os ensaios. Era, para nós, momentos que tínhamos que estar extremamente atentos, para sabermos para onde ia o pedaço da baqueta para que pudéssemos nos desviar do projétil, o qual ia a uma velocidade de dar inveja a um Míssel Cruiser !



CAPÍTULO 4

HISTÓRIAS DE ENSAIOS I – O VINHO CHAPINHA



Uma história muito engraçada se deu em um desses ensaios, quando saímos em busca de uma garrafa de vinho para ser degustada durante os ensaios.
Fomos até o Supermercado Pão de Açúcar que ficava próximo à casa do Claudio, e por questões meramente financeiras, acabamos por trazer um vinho branco licoroso – que era o mais barato que encontramos – da marca “Chapinha”.
A qualidade deste vinho era comparável ao equipamento quer tínhamos nessa época, ou seja, muito abaixo da crítica.
Conclusão: ficamos num “fogo” fantástico, com graves conseqüências “cefálicas” para os dias subsequentes, sem contar o comprometimento do ensaio daquele dia: estava muito difícil de tocarmos alguma coisa.
A consequência imediata desse ato de “sabotagem”, foi sofrida pelo Edu, que nessa época ia aos ensaios de trem. Sabedores que o último trem para Osasco saia por volta das 24h e que, além disso, teria que pegar o metrô para chegar à estação ferroviária, sabíamos que o ensaio tinha hora certa para acabar – claro que um pouco antes desse horário.
Acontece que, por força do “fogo”, o Edu tinha ido tirar uma “soneca” num sofá que havia em nosso quarto de ensaio. Ao cair da noite, adiantamos o relógio do Edu para que ele pensasse que já eram 23:30h – hora a qual seria impossível dele pegar o metrô e chegar a tempo de pegar o último trem para Osasco – e o acordamos, lembrando-o de que tinha que ir embora para poder pegar o trem e voltar para sua casa.
Claro que a primeira coisa que ele fez foi verificar que já era noite – quando ele se deitou para tirar a soneca ainda era dia – e a segunda providência foi checar que hora era: ele ficou absolutamente transtornado pelo horário, e após termos conseguido sossegá-lo, o Claudio ofereceu uma cama para que ele pudesse dormir ali mesmo e no dia seguinte retornaria para sua casa, muito a contra gosto do Edu, que se apresentava extremamente contrariado pela situação.
Não é preciso dizer que, quando contamos a verdade, ele ficou muito puto conosco.




CAPÍTULO 5

AS PRIMEIRAS MUDANÇAS – OS TEMPOS MUDARAM



            Entramos numa fase nova, com um equipamento muito bom, quando começaram a surgir alguns problemas dentro do relacionamento da banda.
            O Claudio era um cara muito exigente, do tipo perfeccionista ao extremo, que queria tudo absolutamente perfeito e do jeito que ele queria, e começou a implicar muito com todos durante os ensaios,  principalmente com o Edu, que nessa época já havia começado o estudo de bateria com um professor em Osasco, onde morava. A marcação em cima do Edu chegou no ápice, quando acabamos chegando à conclusão de que era melhor dar um tempo para o Edu estudar e voltar melhor para o conjunto, com o objetivo de se atenuar o clima de hostilidade que se formou e evitar o rompimento do relacionamento entre nós.
O Edu nos conta como se sentiu nessa época: “Nessa época eu me senti totalmente desiludido, sendo que por um bom tempo eu não queria ouvir rock and roll, quando fui convidado para tocar em uma banda de tecno – que estava em moda na época – mas, lógico que não aceitei...”
            Nesse período o Claudio assumiu a bateria, como quebra galho, além de se manter nos vocais. O clima dentro da banda jamais voltaria a ser o mesmo, com alguma coisa no ar de estranho.
            Nesse espaço de tempo surgiu uma boa oportunidade para comprarmos uma bateria e o fizemos, além de adquirirmos outros equipamentos adicionais.
            O clima estranho que se formou quando do afastamento do Edu se intensificou, principalmente com a interferência de outras pessoas, amigas do Claudio, que iam aos nossos ensaios, que estavam formando uma banda, também.
            O Claudio, desde então, colocava a ideia de nos juntarmos a esses seus amigos, o que era impossível pois estávamos em estágios técnicos musicais muito distantes – esses amigos do Claudio já tocavam a muito mais tempo do que nós, já haviam feito shows e tinham uma experiência muito maior do que nós, ou seja, seríamos “engolidos” por eles sem a menor piedade- nós e nossos equipamentos, pois esse pessoal não tinha absolutamente nenhum equipamento -.
            O ponto crucial ocorreu num Domingo, quando já ensaiávamos na garagem da casa de minha irmã, e esses caras queriam “participar” dos ensaios e eu e o Carlinhos não permitimos que isso ocorresse, pois tínhamos que ensaiar as nossas músicas. O Claudio, ao sair do ensaio, não falou conosco, indo embora extremamente irritado de carona com esses seus amigos. Na Segunda feira fui informado por ele, por telefone, que ele estava saindo da banda de forma irreversível.
            Quase um ano de convívio, de ideologias em comum, de momentos mágicos compartilhados, jogados fora por um egoísmo tolo!
            A nossa ideia de formarmos uma banda se baseava fundamentalmente na veiculação das nossas ideias, de nossas preferências musicais, das nossas experiências de vida, para contribuirmos um pouco com aqueles que se dispusessem a nos ouvir, além de manter viva a chama do Rock And Roll, que para nós é a nossa religião, o nosso estilo de vida.
            Tínhamos a idéia de nos manter unidos em torno dessas ideais, sem egocentrismos, sem estrelismos, sem outros interesses que não esses.
            Me coloco, talvez, como o principal responsável, por não ter percebido a direção que os eventos estavam tomando, e ter permitido que cometêssemos uma tremenda injustiça com uma pessoa tão fantástica quanto é o Edu, que durante todo o tempo que estamos juntos se mostrou ser uma pessoa agregadora e sincera em seus sentimentos, totalmente o oposto da agressividade mostrada quando segura as baquetas.
            Após essa tormenta que se abateu por sobre nós, após eu e o Carlinhos conversarmos sobre o futuro da banda não houve nenhuma dúvida quanto ao que deveríamos fazer: trazer o Edu de volta e continuarmos com a nossa banda.
O Edu voltou à bateria, da qual jamais deveria ter saído, muito melhor do que antes, exceto pela “potência” de suas batidas, que continuaram como o ressoar de um trovão, ou melhor, de vários trovões. Com a sua volta, reiniciamos os ensaios, com muito mais pique; estávamos aliviados pela solução da situação e pela recomposição de nós três.
            O Edu nos conta como se deu a sua volta ao grupo: “Duas pessoas foram fundamentais para que eu retornasse à banda: a Maria, uma amiga minha, que através de sua amiga que era namorada do Cláudio descobriu tudo o que estava ocorrendo e me contou, e o Carlinhos que me procurou para conversarmos, me aproximando novamente do grupo”.
            Eu ingressei no Grupo Ama e comecei a melhorar a minha técnica, e na ausência de um vocalista, passei a “quebrar o galho” nos vocais.



CAPÍTULO 6

HISTÓRIAS DE ENSAIOS II – A APRESENTAÇÃO PARA OS AMIGOS



            Esta é outra das muitas histórias que ocorreram nos ensaios, embora nesta ocasião íamos apresentar o nosso trabalho a um grupo de amigos, não podemos deixar de considerar que este foi mais um ensaio da banda.
            Esta apresentação foi feita na garagem da casa de minha irmã, e para tal, transportamos todos os equipamentos para lá.
            Passamos toda a manhã montando esses equipamentos: era muito fio, muita ligação à fazer, muito cabo para testar e consertar, enfim, era uma trabalheira muito grande.
            Como conhecíamos muito bem “os dotes” do Carlinhos – que nós carinhosamente o chamávamos de “desastre vivo”, pois vivia pisando nos cabos do contrabaixo, da guitarra e dos microfones, fazendo com que tínhamos que constantemente proceder ao seu concerto, além de causar uma outra série de danos materiais à banda – preferimos por não “ocupá-lo” na montagem dos equipamentos, o que ficou ao encargo exclusivo de nós três: Eu, o Edu e o Claudio.
            Terminamos com a montagem e passagem do som por volta das 16h da tarde, e como havíamos combinado com nossos amigos que a apresentação se daria por volta das 19h, teríamos pouco tempo para tomarmos um banho, nos trocarmos e pegarmos nossas namoradas até a chegada desse horário.
            Por volta dessa hora – 16h – o Carlinhos chegou com sua namorada, e pedimos para que ficasse “tomando conta” dos equipamentos “sem mexer neles” até chegarmos para a apresentação, a qual teria até fumaça branca produzida pela queima de “pólvora de macumba” que tínhamos comprado numa loja especializada nesses materiais próximo à casa de minha irmã.
            Ao voltarmos à casa de minha irmã, certos de que teríamos uma noite muito agradável, encontramos o Carlinhos com o contrabaixo nas mãos com uma cara que não nos agradou. Se aproximou de nós e nos disse: não sei o que aconteceu, liguei os equipamentos para aquecê-los e para que eu pudesse tocar um pouco o baixo e nada funcionou!
            Evidentemente que um frio percorreu nossas espinhas, pois havíamos testado exaustivamente os aparelhos e eles estavam funcionando perfeitamente quando deixamos o local para tomarmos nosso banho. A seguinte pergunta circundou nossas mentes: o que foi que o Carlinhos aprontou desta vez?
            Começamos a proceder aos testes do equipamento para averiguar a veracidade da notícia dada pelo Carlinhos, com um agravante: já se passavam das 18h e teríamos pouco tempo para podermos colocar os equipamentos em ordem na dependência do que havia ocorrido com eles, sabendo-se de que tínhamos pouco equipamento para suprir a eventual ausência desses que já estavam ligados – além de que eram de potência insuficiente para podermos tocar com um mínimo de qualidade.
            Após vários testes não conseguíamos descobrir o que havia de errado com a aparelhagem, apenas que ela não funcionava.
            Eis que uma luz se acendeu em nossas mentes. Perguntamos ao Carlinhos: aonde você ligou os equipamentos? Havíamos deixado os equipamentos desligados, inclusive, das tomadas, para que não houvesse a possibilidade do Carlinhos tropeçar em alguma delas e causar um curto-circuito e danificar nossos equipamentos.
            Foi ai que recebemos a informação de que temíamos: o Carlinhos ligou todo o equipamento (cabeçotes de amplificação da guitarra, do baixo e potência da mesa de som; mesa de som de 8 canais e meus pedais – todos utilizadores da potência de 120 V), nas tomadas de 220 V. Ou seja, todo o equipamento ligado literalmente “torrou”.
            Com a chegada dos amigos, tivemos que improvisar com o resto do equipamento, com o Carlinhos bem longe de onde estávamos montando essa aparelhagem e fizemos a apresentação com uma qualidade sonora digna de uma eletrola dos Flintstones.
            A partir daí, nossa preocupação era o conserto dos equipamentos, o que acabou nos levando uma boa grana.



CAPÍTULO 7

A QUARTA FORMAÇÃO



            Por volta de junho de 1987, estávamos à procura de um baixista para a banda quando o Edu trouxe um carinha de Osasco que estaria interessado em tocar conosco e, embora ele tocasse e gostasse de guitarra toparia tocar o contrabaixo: era o André.
            Por esse tempo eu continuaria “quebrando o galho” nos vocais, enquanto procurávamos um vocalista para compor o time, e a nossa formação passou a ser, por pouco tempo, a seguinte:

-          André                     - Contrabaixo
-          Edu                        - Bateria
-          Walter                    - Guitarra e Vocal

Pouco tempo após isso ter acontecido, o Edu trouxe um outro amigo seu de Osasco que estaria interessado em compor os vocais da banda, seu nome: Flavio.
No início, era o Flavio que fazia os vocais da banda, porém, todas as nossas músicas estavam feitas para o meu timbre vocal, que era totalmente diferente do timbre vocal do Flavio, ou seja, ele dificilmente conseguia atingir o tom da música. Perdemos muito tempo para ajustar apenas uma música ao seu timbre vocal, após o que resolvemos que eu continuaria nos vocais e o Flavio passaria a tocar Teclado – instrumento o qual ele sabia tocar muito bem, embora não tivesse muita noção de Rock – teríamos que ter paciência para ensiná-lo como adequar o instrumento ao Rock.
            A partir desse momento, a nossa formação era a seguinte:

-          André                     - Contrabaixo
-          Edu                        - Bateria
-          Flavio                     - Teclado
-          Walter                    - Guitarra e Vocal

Esta fase da banda foi bastante interessante, com a adição do teclado, que passaria a dar um “tempero” bastante interessante e diferente ao som da banda.
Foi durante este período que criamos uma das músicas instrumentais mais bonitas que tínhamos, onde o teclado tinha a função de instrumento, não só de base, mas também como instrumento de solo alternando essa função com a guitarra, chegando a fazer duo com ela.



CAPÍTULO 8

A VOLTA DA TERCEIRA FORMAÇÃO



            No início de 1989, quando estávamos nos entrosando mais e procurando lugares para novas apresentações, eis que nos vemos, novamente, de frente a uma nova reformulação dos elementos da banda. Acabamos nos desfalcando, tanto do Andre como do Flavio.
            A saída do Andre se deu por conta de um convite para ele tocar guitarra com uma banda de Trash Metal, sendo que, conforme comentamos no início deste capítulo, a guitarra era a grande paixão do Andre, que mesmo tocando contrabaixo conosco nunca deixou de estudar esse instrumento. Importante deixarmos registrado aqui, que o André foi o único membro de nossa banda que se profissionalizou como músico, até o presente momento, chegando a tocar com vários cantores brasileiros e com o primeiro vocalista da banda Iron Maiden – Paul Di’Anno – chegando a fazer algumas jam sessions, com ele, pelo Brasil.
            Pouco tempo depois era a vez do Flavio deixar a banda para se dedicar a sua carreira profissional: a computação.
            Estávamos, novamente, com o time incompleto.
            Teríamos que voltar à procura de elementos que pudessem recompor a formação da banda.
            Com a saída do André e do Flavio, voltamos a procurar o Carlinhos para que retornasse à banda, por ser uma pessoa que tem a mesma filosofia que nós, além de ter sido, sempre, um companheiro em quem podíamos confiar.
            E assim feito, voltamos com a nossa terceira formação, e reiniciamos os ensaios.
            Esses acontecimentos – as constantes mudanças na formação da banda – nos causava uma enorme preocupação, pois tínhamos dificuldade em manter uma hegemonia por muito tempo, causando dificuldades na montagem de um repertório para que pudéssemos realizar apresentações: tão importantes para qualquer banda!




CAPÍTULO 9

O NOVO NOME DA BANDA



            Quando reiniciamos os ensaios, acabamos descobrindo, ao acaso, da existência de uma banda paranaense que se chamava, nada mais nada menos que “Pulsar”.
            Como essa banda já tinha até disco gravado, e nós não tínhamos o registro da marca da banda tivemos que ir em busca de um novo nome para a nossa.
            Lembrando-nos de que o Erasmo Carlos tivera uma banda com o nome de “Companhia Paulista de Rock”, e como éramos apaixonados pela nossa cidade, achamos a estrutura do nome bastante interessante, lembrando o nome de uma empresa. Daí veio a idéia de chamarmos a nossa banda de “Fábrica Paulista de Rock”, ou seja: somos uma banda paulista que fabrica Rock. Bastante interessante, não acham?
            Nessa época eu trabalhava na Nestlé e tinha muita amizade com o Jared Fischer, um excepcional profissional das artes gráficas e grande desenhista, o qual e pedi que fizesse uma logo para nossa banda com o objetivo de procedermos a seu registro, para que não perdêssemos o nome novamente. Lembre-se de que isto acontecia pela Segunda vez em nossa história. A Segunda pessoa a qual eu tinha muita amizade na Nestlé era o Ricardo Rezende, o advogado responsável pela manutenção das marcas e patentes da Nestlé, e ele ficou encarregado de proceder a nosso registro junto à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro para garantirmos a nossa marca.
            E isso foi feito com sucesso ...



CAPÍTULO 10

A IDADE DAS TREVAS DA BANDA



            A partir do ano de 1995 a banda ficou inativa por aproximadamente 5 anos, sendo que, durante este período, resolvemos misturar três ingredientes (negócios, interesses pessoais e amizade), que resultou numa mistura explosiva, cuja detonação assemelhou-se à de Hiroshima e Nagasaki, cujo desfecho, entre mortos e feridos, todos saíram perdendo, uns mais que outros, mas todos perderam.
            O resultado foi a parada da banda por esse período, fazendo com que, e aqui me refiro aos meus pensamentos, pensasse que nunca mais iria tocar. Parei de estudar, parei de tocar, a guitarra ficou, junto com os outros instrumentos, armazenada no estúdio, por entre baratas e cupins, e um monte de outros materiais dos mais variados tipos e tamanhos.
            Mas ...




CAPÍTULO 11

A VOLTA DA BANDA E A NOVA FORMAÇÃO



            Após esse período, em meados de 1999 – véspera de século novo e de vida nova – eis que acabamos por nos encontrar novamente, lambendo nossas feridas, nos dando as mãos, e, em que pese o receio da volta e de nos confrontarmos novamente – esses cinco anos de inatividade e de poucos contatos vieram junto a receios, inseguranças, ranços, os quais só o tempo pode apagar – parece que sentimos que seriam novos tempos, e poderíamos retomar o sonho “da nossa banda”.
            A banda volta e com sua Terceira formação, formação essa que, por motivos filosóficos, entendemos que é a que mais se harmoniza com os pensamentos de todos.
            Essa formação era a seguinte:

                        - Edu                            - Bateria
                        - Carlinhos                    - Contrabaixo
                        - Walter                        - Guitarra e Vocal

            Voltamos aos ensaios, em que pese termos perdido alguns equipamentos importantes – a falta de uso desses equipamentos os deteriorou impossibilitando sua utilização – o restante dava conta do recado satisfatoriamente – nada a ver com os primórdios da banda.
            Pouco após a retomada dos ensaios, o Leandro entra na banda, e, quase concomitantemente, o Carlinhos, por motivos não esclarecidos, sai novamente.
            A banda apresenta uma nova formação temporária, haja visto que nos faltava um contrabaixista para completá-la. Chegamos a pensar na minha ida para o contra-baixo, porém, após termos experimentado uma formação com duas guitarras – cujo som agradou a todos nós – não aceitamos tal idéia: seria melhor encontrarmos um baixista.
            Com essa necessidade o Leandro trouxe o Marcelo, que apesar de estar estudando guitarra, topou a parada apresentando uma evolução no instrumento muito boa, agradando em cheio a todos nós.
            A banda acaba apresentando uma qualidade sonora a qual jamais sonhamos: com a garra e a juventude desses dois novos membros, a banda inicia um novo e entusiasmante marco em sua história.
            A formação:

                        - Edu                            - Bateria
                        - Leandro                     - Guitarra e Vocal
                        - Marcelo                      - Contra-baixo
                        - Walter                        - Guitarra e Vocal

            Com o início dos ensaios era visível a qualidade, tanto quanto era visível a necessidade de encontrarmos alguém para compor os vocais da banda: é muito difícil, para nós, tocarmos e cantarmos, além de que temos vozes muito comuns que pouco nos diferenciaria e dificilmente constituiríamos uma identificação sonora própria.
            Nesse período, o Edu acabou por se desfazendo de sua velha bateria, a qual ele vendeu, e com o dinheiro “levantado” acabou comprando uma bateria da marca Mapex – uma das melhores baterias do mercado – o que acabou por aumentar ainda mais a qualidade de seu “toque” ETERNAMENTE RUIDOSO!
            Eu, de minha parte, acabei adquirindo uma guitarra Ibanez que acabou agregando qualidade sonora à nossa banda, haja visto que a minha velha Golden já estava com o braço empenado e os captadores todos estourados fazendo com que ela soasse como uma delicada rinoceronte fêmea dando à luz a seus filhotes em parto gemelar. O Leandro comprou uma guitarra Ibanez com microafinação de excelente qualidade, aumentando ainda mais as possibilidades sonoras, pois poderia usar a alavanca do trêmolo sem perder a afinação do instrumento.



CAPÍTULO 12

A BANDA MUDA DE NOME NOVAMENTE



            O ano de 2000 foi muito difícil para todos nós aqui no Brasil, tanto política como economicamente. O governo federal mantendo um esquema rigoroso de baixa economia, desemprego, falta de dinheiro, aumento da criminalidade e maiores desníveis sociais. Tudo isto acabou refletindo em todos nós, sendo que eu fui especialmente prejudicado pelo fato de que acabei “quebrando a cara” no negócio que eu tinha e que me dava sustentação financeira. Em outubro fiquei apenas com as minhas cuecas, tendo que alimentar mais três pessoas e pagar as contas de casa. 
            O início de 2001 se mostrava para mim, com meus empregos novos que garantiriam a “bóia” e o dinheiro para pagar as contas, um novo ano que significaria uma nova vida, um recomeço. Aceitando a idéia do Leandro de darmos um novo nome à banda mais curto, de mais fácil memorização, é que acabei por me envolver em pesquisas para termos tal nome.
            Como sou fanático pela cultura egípcia, logicamente ali foi a minha primeira fonte de pesquisa, e de tantos nomes achei o nome de “THOT” – Deus Egípcio da cultura e da ciência. O nome era bastante pequeno e seu significado bastante interessante – nós sempre achamos que em tudo que fazemos devemos levar um pouco de cultura, de informação, daí a preocupação em acharmos um nome com algum significado.
            Uma vez “descoberto” o nome bastava a criação de sua logo, o que não demorou muito,
            Thot acabou por significar, para todos nós, como um sinal de uma nova vida, um novo momento que nos fará olhar mais para a frente e levar a banda onde nós queremos que ela chegue.




CAPÍTULO 13

O FINAL DESTA NOVA FORMAÇÃO



            Desde o início do segundo semestre de 2001 as coisas começaram a ficar difíceis para a banda: os ensaios começaram a ficar raros, e quando aconteciam quase nenhuma coisa boa rolava, as músicas não saíam mais. Parecia que a química não estava mais funcionando e não encontrávamos saída para ajeitar as coisas para que os trabalhos rendessem. Não conseguimos ensaiar mais nenhuma música nova e mal tocávamos as velhas. Problemas de trabalho fizeram com que o Marcelo faltasse sistematicamente aos ensaios, dificultando muito nosso desenvolvimento.
            O Leandro começava a ter idéias novas sobre música, as quais não faziam parte de nossos objetivos: músicas em inglês. Achávamos que isto iria dificultar ainda mais os nossos trabalhos, pois teríamos que, praticamente, refazer todas as letras das músicas, o que faria com que perdêssemos muito tempo, coisa que nos apavorava. Para nos distanciar ainda um pouco mais o Leandro saiu do Scalla para estudar no IGT, fazendo com que quase não nos encontrássemos mais fora dos ensaios.
            Em meados de outubro o Edu chegou a conclusão de que deveríamos partir para um novo rumo e procurarmos novos integrantes para a banda, os quais tivessem os mesmos pensamentos que nós – fato que eu concordei plenamente, pois, em que pese o Leandro e o Marcelo serem ótimos músicos e pessoas, tinham conceitos musicais muito diferentes dos nossos, tinham objetivos muito diferentes, o que fazia com que tivéssemos dificuldades enormes em manter a coesão do grupo rumo aos mesmos objetivos.
            Ficamos, então, aguardando o final do ano para que, no início do seguinte voltássemos à carga para remontar a banda. Tentamos, meio que subliminarmente, seduzir ao Carlinhos para que voltasse à banda, sem qualquer sucesso. Pensamos, meio vagamente, em vender alguns equipamentos para melhorarmos a qualidade do som nos ensaios e diminuir o espaço ocupado por esses instrumentos e suas caixas de som enormes, mas pouco disto foi desenvolvido por nós.
            Como veremos adiante, não foi necessário esperar pelo ano novo para que as coisas fossem se encaixando. Divinamente se encaixando, diga-se de passagem!





CAPÍTULO 14

A GRAVAÇÃO DO PROGRAMA DO CANAL 98 DA TVA



            Na tarde do dia 5 de dezembro de 2001 recebi um telefonema em meu celular, de um rapaz de nome Tiago que se apresentou como membro de uma produtora de eventos – Produtora M – e que ele estaria querendo falar com algum representante da “Fábrica Paulista de Rock”! Me identifiquei como membro da banda, sendo me relatado o seguinte: “somos da Produtora M, que detém os direitos da realização de um programa semanal no canal 89 da TVA, que faz a apresentação de bandas independentes e iniciantes. Estamos selecionando o cast para esta apresentação e sua banda nos foi indicada para compor o quadro desse programa (!)”. Em seguida nos foi relatado todos os detalhes, porém, não consegui mais ouvir nada – eu estava em avançado estado de catatonia. Continuando o relato do Tiago: existe, porém, uma necessidade que deve ser cumprida para que possamos confirmar sua presença em tal evento: você precisa nos trazer uma demo em CD da banda com a música que vocês apresentariam para que pudéssemos analisar a qualidade de seu trabalho e da demo, pois o programa será gravado em play-back. Tínhamos dois problemas graves: nós não tínhamos uma demo, e muito menos uma banda – eu e o Edu estávamos realizando alguns ensaios enquanto aguardávamos o início do ano novo para a busca de novos integrantes da banda (para variar um pouco a história se repete!). Precisávamos “descolar”, do dia para a noite, um baixista, um vocalista e uma demo em CD. A quem iríamos recorrer? A resposta: ao mestre Tite. Conversamos com o mestre que nos deu a seguinte resposta: não há problemas, vou chamar a Gisele que é uma baixista que já tocou comigo, eu canto e nós dois fazemos as duas guitarras – sem problemas! “Descolamos” um horário no Estúdio Stacattus para podermos realizar a gravação.
            Marcamos o ensaio para o sábado à noite do dia 8 de dezembro de 2001 em nosso estúdio, enquanto o Tite tentava arranjar horário no estúdio para a gravação da demo para o domingo.
            Na data marcada para o ensaio compareceram o Tite a Gisele e o Ivan – namorado da Gisele e baterista.
            No decorrer do ensaio o Ivan acabou indo para os vocais (o que acabou lhe causando um grande trauma que o seguiu durante os dias que vieram e que iria amenizar no dia da gravação do programa), ficando para o Tite a composição do backing vocal.
            A evolução do ensaio foi muito boa e conseguimos, ao final deste, ensaiar de forma bastante satisfatória a música escolhida para a apresentação: Noites Paulistas.
            No dia seguinte a triste contestação: não conseguiríamos gravar a demo naquele dia, ficando marcado para terça feira próxima a data da realização da gravação, data limite, pois teríamos que entregar o demo até Quarta feira.
            Na terça feira a gravação não pode ser feita por falta de horário do estúdio, sendo que o único horário que conseguimos para a realização de tal gravação foi para Quinta feira dia 13 de dezembro de 2001 às 20:00 horas, cabendo a mim “convencer” o pessoal da produtora a aceitar a demo na Sexta feira, a menos de dois dias do evento! Consegui, restando aguardar essa Quinta feira para podermos gravar. Quinta feira macabra!
            Na quinta feira, por volta das 16:30 horas fomos surpreendidos por um telefonema do estúdio nos dizendo que a gravação não poderia ser feita devido ao fato de que o computador  - absolutamente imprescindível para a gravação em CD da demo – havia “pifado”. Outro grande corre-corre para encontrarmos algum estúdio para a gravação da demo, sem sucesso, pois teríamos que entregar a tal demo na 6ª feira impreterivelmente. Voltamos a entrar em contato com o Stacattus para ver se poderíamos, ao menos, fazer a gravação em fita K7, para não perdermos o tempo de inscrição, e depois veríamos o que se poderia fazer! Recebemos a confirmação de que poderíamos fazer a gravação “ao vivo”, ou seja, iríamos microfonar todos os “amps”, bateria e vocais e mandar ver na gravação em fita K7.
            Nessa quinta feira, às 19:10h, eu e o Edu já estávamos à porta do estúdio, ansiosamente aguardando a hora marcada para o ensaio – 20h.
            Com a chegada do César – dono do estúdio – entramos para nos ambientar com o local. Notamos que, conforme o César ia arrumando os equipamentos e cabos na sala de gravação havia uma bateria inteira, só que sem os pratos: achamos que eles iam ser os últimos a serem colocados. Marinheiros de primeira viagem!
            O Tite chegou aproximadamente 20 minutos atrasado, e os pratos não haviam, ainda, sido colocados. Quando o César nos perguntou se haveria bateria ao que respondemos que sim. A esta pergunta e a resposta afirmativa o Tite nos perguntou se havíamos trazido os pratos (esta doeu). Claro que não! Não sabíamos que teríamos que trazer os malditos pratos, o que nos deixou absolutamente atônitos, mas nestes momentos, às vezes, somos amparados por “certos anjos da guarda de plantão” – lembramos do Roberto – professor do Edu; ligamos para o Escala e o nosso querido mestre lá estava e nos emprestou os benditos pratos.
            Chega de contratempos: começamos o tão esperado ensaio. Finalmente.
            Durante a semana havíamos conversado sobre a possibilidade de gravarmos não apenas uma, mas sim duas músicas, aproveitando o espaço de duas horas no estúdio. Nessa noite levei a letra da música “Cidade Grande”, a apresentei ao pessoal e passamos a executá-la.
            Conclusão: esta música, a que menos tocamos, ficou melhor que a primeira, e gravamos as duas.
            No dia seguinte à tarde levei a fita à produtora e conseguimos o que mais queríamos: estávamos confirmados na gravação do programa. Festa! Só que com um pequeno problema: teríamos que levar um CD para a apresentação, não haveria possibilidade de se realizar tal evento com a fita K7. Isto em plena Sexta feira à noite (saí da produtora por volta das 19:20h).
            Já no meio do caminho liguei para os demais integrantes, pois estavam terrivelmente aflitos e angustiados aguardando notícias minhas (O Edu me ligou umas 4 vezes durante o período que eu estava na produtora, e estava sem seu celular, o que o deixava ainda mais angustiado, pois quando eu tivesse algum resultado não iria adiantar que eu lhe ligasse). Com o Tite fiz o relato de que tínhamos que gravar o CD, no que ele se encarregou de ligar para o Stacattus para conseguir o horário.
            Para sermos mais breves; o Stacattus estava fora de cogitação, pois o computador ainda não tinha sido consertado, e quando isso ocorresse haveriam duas bandas que tinham prioridade para a gravação. A conclusão a que chegamos é de que teríamos que procurar outro estúdio. Na procura que fiz na revista Guitar Player, descobri um estúdio, de nome Spectrum que ficava na Rua Dom Pedro II no Ipiranga, no qual haveria a possibilidade de gravarmos o CD no domingo de manhã (horário possível para todos). Fui muito bem atendido pelo telefone e fui informado de como funcionava a coisa; marcamos a gravação para domingo dia 15 de dezembro de 2001 às 10h da manhã.
            Nessa data e nesse horário nos encontramos no estúdio: conseguimos gravar nossas duas músicas, sendo que é necessário que se faça justiça ao trabalho do César, que comandou a mesa de som durante as gravações e que finalizou o CD pilotando o computador e melhorando a qualidade sonora de nossas músicas de forma absolutamente fantástica (Obrigado César. Valeu!). Saímos do estúdio por volta das 13h da tarde, e tínhamos apenas 1 hora para irmos até o Tatuapé – local das gravações – e nos apresentarmos à produtora.
            Chegamos ao Democrata Bar – local das gravações do programa – por volta das 13:50, com uma fome fabulosa: levantamos cedo, mal tomamos café da manhã, estávamos ansiosos e apreensivos pelos momentos aos quais estávamos passando, tudo isso junto só pode dar o desgaste físico e emocional que se abateu sobre nós que resultou na fome colossal demonstrada.
            Ficou a discussão: aonde iríamos comer? Como já estávamos num bar, resolvemos comer ali mesmo (raciocínio lógico, mas como nem sempre dá a lógica...).
            Ao sentarmos à mesa a primeira coisa que o Tite fez – ele era o mais angustiado pois vira num cardápio na porta do bar que lá havia polenta frita com queijo ralado, coisa que, segundo ele, era apaixonado – foi chamar o garçom. Ai veio a notícia mais estonteante, engraçada e absurda: estamos abrindo a nossa cozinha agora, e estamos preparando para montarmos uma mesa de frios, o que deverá levar uns 15 minutos para que esteja montada; no momento só tenho chope. Nossos estômagos se reviraram feitos pipoca. Enfim, decidimos aguardar esses 15 minutos.




CAPÍTULO 15

A NOVA FORMAÇÃO E A VOLTA AO ANTIGO NOME


 Capítulo não terminado.









CAPÍTULO 16

AS PRINCIPAIS APRESENTAÇÕES



            A “Fábrica Paulista de Rock”, neste tempo todo de vida, já se apresentou em vários locais e em várias situações: já foi a banda principal e, também, a banda de abertura do show de outras bandas.
            Já espalhou o vírus do Rock And Roll por bares, boates, casas noturnas, casas de shows, teatros, e outros tantos locais correlatos.
            Neste capítulo não iremos relatar todas essas apresentações pois estaríamos sendo extremamente chatos, vamos apenas, abordar algumas dessas apresentações que nos foram marcantes por algum motivo - sendo que estas são as que seus integrantes se lembram com maior carinho e um pouco de saudosismo -. Bons tempos!

1ª Apresentação especial – A Histórica Primeira Vez! 
            Em dezembro de 1983 pintou a primeira oportunidade de subirmos a um palco e mostrarmos o nosso trabalho. Todos tínhamos absoluta consciência das condições “músicais” da banda, mas o palco, além de muito tentador, seria muito importante como estímulo e como experiência para todos nós.
Foi um Festival de Música de um Colégio na Vila Guilherme, cujo nome não me recordo, e aliás, ninguém se recorda. Nos inscrevemos com o número máximo de músicas: 3. As músicas eram as seguintes:
-          Homem nas Trevas
-          Universo Interior
-          Rock And Roll
Esse festival foi de vital importância para nós, do ponto de vista de reforçar a importância dos ensaios serem feitos de forma séria, pois até então, estávamos ensaiando por aproximadamente 2 meses, e não conseguíamos ensaiar 1 música por inteiro, pois o pessoal se cansava logo, mudando de música para música. Para participarmos desse festival, passamos a ensaiar apenas essas 3 músicas exaustivamente, para não nos queimarmos perante a platéia e nossos amigos.
No dia do festival, podemos dizer que essas 3 músicas estavam bem ensaiadas, levando-se em conta nosso estágio musical.
Pela manhã desse dia, fomos “passar” o som, e acabamos tocando algumas músicas que nós tocávamos nos ensaios para nos divertir, sendo que uma delas era “Stairway To Heaven”, que estava bem ensaiada. Não é preciso dizer que acabamos “impressionando” as pessoas que ali estavam, inclusive o imbecil que iria cuidar da “mesa de som” que era amigo de uma das bandas que iria tocar nesse festival, e que seria pivô de uma “pequena desavença” entre nós e a platéia caracterizando nossa primeira “briga” em aproximadamente dois meses de existência da banda.
Teríamos que escolher apenas uma das músicas inscritas para a apresentação; a nossa escolha foi pela música “Homem nas Trevas”. Essa música era a que estávamos mais bem ensaiados, era uma música lenta, e temíamos que nesse festival só haveria MPB e coisas afins. Quando da passagem do som, referido acima, assistimos à apresentação de todas as outras bandas que se apresentariam no festival. Pudemos observar que a nossa era a melhor, a mais bem ensaiada e a única que apresentaria música própria, as outras fariam covers de outras bandas, e de péssima execução. Achávamos que o Festival estaria no papo, e que embolsaríamos a grana da premiação: importante para o desenvolvimento “tecnológico” da banda! Ledo engano!
À tarde, em nossa hora, subíamos ao palco para tocar Rock And Roll – trocamos a música em cima da hora, pois achávamos que com essa música ganharíamos o festival. O retorno estava de boa qualidade, no início de nossa execução. De repente, começamos a receber vaias do público (pensávamos que era para nós!), e juntamente a isso, o retorno começou a oscilar, a ponto de não sabermos mais aonde estávamos na música – acredito que nessa hora acabamos por atravessar toda a música – eu acionava todos os pedais que tinha, aumentava o volume deles e nada, não conseguia ouvir nem a mim, nem o contrabaixo e muito menos o vocal! Nesse ponto o Claudio passou a xingar o público, o que quase provoca um tumulto.
Após a nossa apresentação é que sabemos o que tinha havido: um amigo do Claudio que estava na platéia nos disse que as vaias eram porque o som das caixas estavam sendo aumentado a abaixado a todo o momento, fazendo com que a música não pudesse ser ouvida por eles, que acabaram por vaiar com o objetivo de se estabilizar o som! E nós xingando a platéia!
O cara da mesa de som fez isso de propósito, devido à nossa possibilidade de ganhar o festival. Conclusão: fomos desclassificados!
            Após essa amarga, mas muito boa experiência, nós fizemos algumas reflexões e passamos a perseguir uma melhoria nas condições gerais do conjunto, em termos de equipamentos e de qualidade musical individual. E após muitos rolos, trocas e vendas, compras, viagens a lugares dos mais estranhos possíveis, conseguimos adquirir alguns amplificadores muito bons para a guitarra e para o contrabaixo, feitos por um carinha que nós descobrimos pelo jornal. Além disso, fomos equipando a banda com compras avulsas, como por exemplo: compramos outro microfone de melhor qualidade, compramos outro prato para a bateria, um pedal para a guitarra, etc ...

Resumo Geral

Festival de Música de Vila Guilherme


-          Data: dezembro de 1983
-          Música: Rock And Roll
-          Músicos:
- Carlinhos        - contrabaixo
- Claudio           - vocais
- Edu                - bateria
- Walter            - guitarra

2ª Apresentação especial – O Show na Câmara Municipal de Osasco

            No final de 1984 pintou uma apresentação na Câmara Municipal de Osasco, num show de fim de ano promovido pela escola de música na qual o Edu estudava. Iríamos tocar “Noites Paulistas”.
            Após vários ensaios, estávamos prontos para a apresentação.
            No dia marcado, um Sábado, fomos ao local e, quando entramos, percebemos que a casa estava cheia, e nunca havíamos tocado para tanta gente junta. Começamos a ficar preocupados com isso, e a conclusão a que chegamos era de que sóbrios não conseguiríamos tocar, e, quando fomos procurar alguma cerveja, fomos chamados para os camarins. SEM CERVEJA!
            Chegando nos camarins, ligeiramente apavorados com nossa situação, acabamos fazendo amizade com um grupo de música folclórica que iria se apresentar antes de nós. Conversa vai, conversa vem, eles acabaram nos oferecendo alguma bebida que estava numa caixa de isopor. Delicadamente, sem sabermos do que se tratava, recusamos. Quando eles saíram do camarim para a sua apresentação, pulamos para cima das caixas de isopor para ver o que elas continham: pinga, batidas de todas as espécies e outros tipos de bebidas alcoólicas das quais não me lembro, principalmente depois que ultrapassei o 20º gole.
            Quando chegou a nossa vez de nos apresentarmos, tivemos que ser auxiliados para subirmos ao palco através de uma escadinha de, acho, três andares. Eu não consegui afinar a minha guitarra, sendo que um dos auxiliares de palco me arrumou uma que já estava afinada. O Carlinhos teve que ser levado para o outro canto do palco, pois insistia em ficar “abraçado” a mim. O Edu já estava sentado no banquinho da bateria procurando as baquetas no chão, as quais estavam por sobre a caixa do repique à sua frente.
            Em que pese toda esta situação, podemos dizer que honramos a tradição do Rock e fizemos uma “performance” bastante profissional, sendo que fomos bastante aplaudidos pela platéia e elogiados pelos organizadores, além da promessa de participação no show do ano seguinte.
            Um fato bastante curioso, durante a nossa apresentação, foi que, muitas vezes eu vi um prato de 22 polegadas, que ficava na vertical, ficar literalmente na vertical; conversando com o Edu algum tempo depois ele me explicou: “eu estava querendo rachar o prato e batia nele com toda a força possível!” Coisas de nosso doce e suave baterista!
            A nossa formação naquela tarde foi a seguinte:

                        - Edu                            - Bateria
                        - Carlinhos                    - Contrabaixo
                        - Walter                        - Guitarra e Vocal

            Após essa apresentação nos sentimos as pessoas mais felizes do Universo, em contraste aos nossos ânimos quando entramos nos camarins, SEM A NOSSA CERVEJA!
            Esta experiência foi extremamente gratificante, tivemos uma sensação que, só quem já a sentiu alguma vez na vida, pode avaliar em toda sua plenitude.
            Evidentemente que, após esse acontecimento, a vontade de transformar a nossa banda em uma grande banda aumentou muito.
            Eu saí do Grupo Ama, pois o ensino estava muito devagar, o que foi bastante decepcionante para mim pela fama que a escola levava. Fiquei aproximadamente uns 5 meses estudando sozinho, e depois disso procurei junto com o Edu o Instituto Musical Bertolini, o qual já haviam nos dado informações muito boas, inclusive de pessoas que já haviam lecionado lá e de outras pessoas que haviam estudado lá. Logo após a nossa primeira aula já dava para sentir que o curso seria excelente, e em menos de 3 meses a nossa evolução já era palpável.

Resumo Geral

Festival de Fim de Ano na Câmara Municipal de Osasco


-          Data: dezembro de 1984
-          Música: Noites Paulistas
-          Músicos:
- Carlinhos        - contrabaixo
- Edu                - bateria
- Walter            - guitarra e vocais


3ª Apresentação especial – O Show da Paulistur

            Em março de 1985 surgiu a oportunidade com que tanto sonhávamos; a chance de fazermos um show só nosso, livre de competições ou restrições. Foi numa promoção da Paulistur no Bairro da Cachoeirinha, que envolvia várias atividades de lazer, dentre elas shows de várias bandas. Nós iríamos tocar 5 cinco músicas, pois era o tempo que tínhamos nesse evento.
            O show foi num Domingo de muita chuva, no qual amaldiçoamos aquele que inventou a chuva, pois temíamos que isso seria motivo para que não houvesse o evento. Maspelo contrário, o evento não foi abortado pela chuva e nós tocamos.
            Nessa apresentação havia aproximadamente umas cem pessoas em que pese o pé d’água que se abateu sobre nossa cidade, que nos assistiram até o fim, de forma bastante vibrante e contagiante. Um show muito bom.
            As músicas que tocamos nessa tarde foram as seguintes:

-          Noites Paulistas
-          Solidão
-          Heavy Metal Rock
-          Rock’n’Roll
-          Agora Eu Vou Atras de Você

A nossa formação foi a seguinte:

                        - Edu                            - Bateria
                        - Carlinhos                    - Contrabaixo
                        - Walter                        - Guitarra e Vocal

            Na semana seguinte, o Carlinhos começou a ter problemas particulares e resolveu sair da banda, restando apenas eu e o Edu. Teríamos, novamente, que procurar alguém para completar o “time” e reiniciarmos os ensaios e a própria banda.
            Lá fomos nós ...

Resumo Geral

Festival da Paulistur na Vila Cachoeirinha


-          Data: março de 1986
-          Músicas:   Noites Paulistas
Solidão
Heavy Metal Rock
Rock'n'Roll
Agora Eu Vou Atras de Você
-          Músicos:
- Carlinhos        - contrabaixo
- Edu                - bateria
- Walter            - guitarra e vocal


4ª Apresentação especial – O Show na Igreja

            No final de 1988, fomos convidados a realizar um show solo num ginásio. Esta apresentação foi marcada pelas surpresas; nos falaram apenas que iríamos fazer uma apresentação "solo" num ginásio, mas não sabíamos a que ginásio se referiam, e muito menos, qual seria a platéia que iria comparecer ao nosso show.
            Pois bem, o ginásio era de uma Igreja Católica - Igreja Santa Gema de Galgani!
            Logo nós, uma banda de Rock, iríamos tocar no teatro de uma Igreja e logo após a missa, para os fiéis apreciarem.
            O ginásio era grande, e o palco, em que pese ele ter uma grade na sua frente, era também grande e bom para nos acomodarmos. Por sorte estávamos com equipamento suficiente para podermos fazer nossa apresentação com qualidade razoável, somente com nosso equipamento.
            Fomos pela manhã montar o equipamento, que era bastante volumoso. As caixas da guitarra e do contra-baixo, além das caixas do som dos microfones que eram enormes e pesadas. Só havia nós para a montagem dessa parafernália toda – normalmente uma banda profissional tem a sua “road crew”, mas nós éramos apenas mais uma banda de fundo de quintal, e todo o trabalho braçal era nosso: nós carregávamos o piano que iríamos tocar mais tarde.
            A montagem foi conseguida, com muito esforço, dando uma boa qualidade sonora à nossa apresentação. Importante nesta apresentação era que, pela primeira e última vez, contávamos com uma pessoa “pilotando” a mesa de som conforme nossos desejos: era um amigo do Flavio, o qual foi convidado para continuar com esta atividade, porém nunca mais o vimos.
             O horário marcado era por volta das 19h, após a missa da tarde.
            Terminada a missa, o ginásio começou a ficar cheio. Depois, lotado. Um pouco mais depois, completamente lotado. DE FIÉIS RELIGIOSOS QUE FORAM ASSISTIR A UM SHOW DE UMA MÚSICA QUALQUER LEVE E CALMA! E NÃO A UM SHOW DE ROCK!!!!!!!!!!!!!!
            Após termos tocado a primeira música e alguns aplausos, notamos que houve uma redução de, mais ou menos, 25% do volume da platéia. Na metade da Segunda música, a platéia reduziu mais uns 25%, e ao final desta música, a platéia estava reduzida a uns 25% do total inicial. E ao terminarmos a terceira música só restaram: os músicos (nós), nossas namoradas e o “piloto” da mesa de som! Que satisfação! Que alegria!
            Um olhou para o outro e a conclusão a que chegamos foi: em nosso respeito e em respeito aos nossos “espectadores” fomos com o show até o fim.
            Emocionante.
            Voltamos a desmontar todo o equipamento, colocá-lo na Kombi e nos outros carros e fomos embora. Cada um para sua casa. Putos da vida...
            Mas acabamos entendendo que isso fazia parte do show business e valeu a experiência, afinal de contas, tivemos que nos virar para montarmos o som com os equipamentos que possuíamos e podemos dizer que o resultado foi bastante significativo pois os equipamentos se mostraram bastante competentes e bancaram o show até o fim com razoável qualidade. Para quem nunca tinha feito tal coisa a experiência foi de muita valia e nos saímos muito bem.

Resumo Geral

Show na Igreja Santa Gema de Calgani em Osasco


-          Data: novembro de 1988
-          Músicas:
-          Intro - teclado
-          Solidão
-          Chuva .. E Só
-          Cosmos
-          Instrumental no teclado
-          Um Minuto de Silêncio

-          Músicos:
- André - contrabaixo
- Edu                - bateria
- Flavio - teclados
- Walter            - guitarra e vocais

5ª Apresentação especial – O Show em Alphaville

            No final do ano de 1990, fomos realizar um novo show.
            A apresentação se deu no Festival de Fim de Ano em Alphaville promovido por um dos condomínios que lá existem, do qual um dos organizadores era o Ricardo Rezende da Nestlé – que foi quem nos convidou para participarmos dessa festa.
            O show estaria marcado para um Sábado e iríamos abrir o show de uma outra banda profissional – tinham disco rolando na praça – a qual não me lembro o nome, ou não quero lembrar.
            Nessa data pela manhã, fomos até o local levar os instrumentos – o equipamento de som seria fornecido por esta banda, a qual soubemos depois que era uma banda profissional – que consistia na guitarra, o contrabaixo e os dois teclados que eu estava tocando em algumas músicas e na introdução do show.
            Interessante que, durante o trajeto de ida ao local, quando passávamos pela Castelo Branco, eu estava levando o suporte dos teclados, feito de madeira por mim, num bagageiro colocado acima de minha Brasília, quando um forte vento transformou nosso suporte num “ultraleve” e o jogou para o meio da pista dessa rodovia. Paramos no acostamento e o Carlinhos saiu correndo atrás do referido objeto, pois sem ele não conseguiria tocar os teclados. Não é preciso dizer que nosso baixista quase foi atropelado por um caminhão nessa sua tentativa de resgatar o suporte. Após novamente amarrado no bagageiro, voltamos para o nosso caminho a Alphaville.
            Interessante dizer que não nos foi possível fazer a “passagem do som” – momento em que, antes do show, a banda toca suas músicas e ajusta os volumes dos instrumentos e das caixas de retorno, que são colocadas no palco e possibilitam aos músicos ouvirem o que estão tocando (não é preciso dizer que, sem elas,  tocar em conjunto com outros instrumentos se torna uma tarefa impossível). A passagem do som só nos foi possível alguns instantes antes de nossa apresentação.
            Ao fazermos a passagem do som, eu e o Carlinhos não conseguíamos nos ouvir, pois os volumes das caixas de retorno estavam muito baixos. Minha guitarra estava com um encordoamento novo, o que me obrigava a afiná-la constantemente até um certo momento, onde eu não conseguia mais ouví-la e, consequentemente, a afinação saia uma verdadeira aberração musical, fazendo com que um dos auxiliares de som dessa banda fosse “afinar” a minha guitarra, sendo que todo o meu esforço para dizer a esse inconveniente indivíduo que o problema não era meu ouvido, mas sim a caixa de retorno que não me permitia ouvir. Quase entramos numa discussão que poria fim em nossa apresentação antes dela começar.
            Pois bem, “aproximadamente afinada” a minha guitarra e “totalmente desafinado” o contra-baixo, demos início ao nosso show.
            Eu não conseguia ouvir nem a minha voz, pois estava muito próximo da bateria, imagine se eu conseguia ouvir minha guitarra ou o contrabaixo. Após sucessivas paradas em nossas músicas para pedir mais volume nos retornos, acabamos por “encurtar” nossa apresentação pois ela estava por demais abaixo da crítica devido a este pequeno problema: supomos que quando eu estava iniciando a Segunda parte da música, o Carlinhos estava ainda no meio da primeira parte e o Edu estava terminando a mesma música. Por sorte não houve gravação deste nosso show – devido a termos dado uma fita com o fecho de segurança contra gravação acidental quebrado e o piloto da mesa dizer que seria, devido a isto, gravar a fita para nós: quase quebramos a cara do sujeito pela resposta idiota que nos havia dado. Nos disse que a gravação só seria possível se déssemos a ele uma fita virgem! Idiota!
            Não é preciso dizer que a história de nossa primeira apresentação se repetiu: fomos sacaneados por um idiota na mesa de som, que desta vez, nos deixou sem retorno comprometendo toda a nossa performance!
            Após este show ficou provado que, nestas ocasiões, deveríamos levar sempre alguém para pilotar os controles da mesa de som para nós, com a finalidade de não sermos mais sacaneados dessa forma.

Resumo Geral

Show de Final de Ano em Alphaville


-          Data: novembro de 1990
-          Músicas:     Intro Instrumental
Solidão
Rock And Roll
O Homem nas Trevas
Um Minuto de Silêncio
Noites Paulistas
-          Músicos:
- Carlinhos        - contrabaixo
- Edu                - bateria
- Walter            - guitarra, teclado e vocal

6ª Apresentação especial – O Show de Final de Ano no Scalla


Resumo Geral

Show de Final de Ano do Scalla


-          Data: dezembro de 2000
-          Músicas:     Solidão
Meus Olhos
-          Músicos:
- Edu                - bateria
- Leandro         - guitarra e vocal
- Marcelo          - baixo
- Walter            - guitarra e vocal

7ª Apresentação especial – A gravação do programa da TVA

            Aqui nada mais falaremos, pois já falamos tudo no capítulo 14.

Resumo Geral

Gravação do Programa da TVA


-          Data: 15 de dezembro de 2001
-          Música:       Cidade Grande
-          Músicos:
- Edu                - bateria
- Gisele            - baixo
- Ivan               - vocal
- Tite                - guitarra
- Walter            - guitarra